Faça uma visita a um cemitério e aprecie a sua arte
Cemitérios para visitar pode ser considerado algo estranho para alguns mas é uma boa forma de apreciar arte escondida nas cidades, e está a ganhar adeptos. Em Lisboa e no Porto aumentam as visitas-guiadas.
O cemitério da Lapa, o cemitério de Agramonte e o cemitério Prado do Repouso tiveram no ano de 2019 uma série de visitas-guiadas. O número de visitantes à procura da arte sepulcral duplicou nos últimos anos e a Câmara do Porto e a Ordem da Lapa têm proposto vários passeios ao local. Estes passeios desmistificam os espaços, mostrando as suas obras de arte e a história dos mausoléus.
Uma visita-guiada a Agramonte – um dos dois cemitérios do Porto que se faz parte da Rota Europeia dos Cemitérios criada em 2010 pelo Conselho da Europa – terá de incluir o Monumento às Vítimas do incêndio do Teatro Baquet (1888), e conhecer a sua história, ou ao Mausoléu de Francisco Antunes de Brito Carneiro, que foi projetado por Tomás Soller e tem esculturas de Soares dos Reis.
Rico em arte Romântica, guarda os jazigos da violoncelista Guilhermina Suggia, de Júlio Dinis, da família Andersen e do FC Porto, por exemplo.
Por seu turno, no Prado do Repouso está o jazigo do poeta Eugénio de Andrade, desenhado por Siza Vieira, o médico e pintor Abel Salazar e o Monumento às vítimas da revolta do 31 de Janeiro de 1891, também visitas obrigatórias.
O Cemitério da Lapa é o mais antigo do Porto e foi o modelo estético dos cemitérios do Norte. Ano passado teve várias visitas-guiadas onde se destacava a arte Maçónica, a arte Romântica, o Caminho de Santiago e o Porto Liberal entre outros.
Também na capital, numa iniciativa da Câmara de Lisboa (agendar via email) – e tal como no Porto – acompanhadas por técnicos municipais, têm havido visitas-guiadas aos três cemitérios (Alto de São João, cemitério da Ajuda e cemitério dos Prazeres).
No Cemitério dos Prazeres está o que é considerado o maior jazigo privado da Europa, o dos Duques de Palmela, um jazigo maior do que muitos cemitérios rurais. Guarda os jazigos de portugueses famosos, que têm sido recordados nas visitas-guiadas temáticas ao cemitério, de escritores e atores, por exemplo. As visitas também têm por tema a arquitetura.
Uma visita-guiada ao Cemitério do Alto de S. João também deve considerar a curiosa simbologia maçónica, como noutros, e a arquitetura dos jazigos. Foi desenhado tendo como modelo o Père-Lachaise, em Paris, provavelmente o cemitério mais visitado em todo o mundo.
Em Coimbra, o Cemitério da Conchada também tem visitas-guiadas para conhecer a sua arte. Os trabalhos em ferro forjado e em pedra, com jazigos de influência manuelina, romântica ou clássica são habitualmente explicados em passeios com técnicos municipais ou historiadores convidados.
Completamente diferente dos anteriores, mas também aberto a visitas-guiadas está o cemitério de Monchique, em Guimarães. Inaugurado em 2004, ganhou o 1.º Prémio Nacional de Arquitetura Paisagista na categoria “Espaços Exteriores de Uso Público” e é um exemplo de equilíbrio entre a sua função e a arquitetura, mantendo “as características morfológicas do terreno original”.